sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Aprendiz recomenda

A Agência Carta Maior traduziu uma entrevista do cantor cubano Silvio Rodriguez ao jornal italiano Il Manifesto. Uma boa leitura para quem quer um ponto de vista diferente sobre o momento político da ilha:

"O socialismo cubano não deve deixar de sonhar"

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Político profissional

Estou produzindo uma reportagem especial, junto com o Guilherme Martinelli, sobre "políticos profissionais". Atualmente proliferam cursos de especialização em gestão de políticas públicas, voltados para administradores que tratam o cargo público como profissão, como aqueles vereadores que se reelegem por diversos mandatos, em seqüência. Numa rápida pesquisa, olha só o caso que encontrei hoje, de um vereador de São Bernardo:

Lenildo Magdalena
Está na 11ª legislatura. Desde 1956, ficou fora de somente um mandato, nos quatro anos em que o PT administrou a cidade. Tentará reeleição em 2008.
Nome: Lenildo Freitas Magdalena
Partido: PSB
Votos na última eleição: 4.975

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

McMosquito

Olha que interessante o release que recebi hoje do Pauta Social:

McDonald’s e Ministério da Saúde anunciam parceria na luta contra a dengue

Em primeiro lugar, da parte deste que maltrata o teclado, a rede de lanchonetes não parece a melhor opção de parceria para o Ministério da Saúde na área. A turma do Ronald deveria ser convocada para combater o colesterol, não o Aedes aegypti.
Outra coisa: o título leva a crer que a empresa fará algo diferente, inovador. Na verdade, a “parceria” consiste em algumas informações sobre prevenção e combate ao mosquito divulgadas nos displays de mesa e em cartazes nas salas de funcionários. Pronto. Só isso. Para este aprendiz, a rede continua aquém da obrigação de atuar com responsabilidade social.


*O texto estava com um erro, corrigido às 20:55

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Os pês

Republico um texto do antigo blog, de outubro do ano passado. Tem coisas que continuam atuais...

Cansei de política!
Tem certeza?

Com os seguidos fiascos do teatro brasiliense, diminui cada vez mais o interesse da população por temas político partidários*. Há um sentimento geral de que pelas vias institucionais as coisas não vão mudar.

Contudo, isso não significa que estamos desiludidos com a política. Basta não cair no erro (bastante comum) de confundir a farsa encenada no planalto com o sentido mais puro da palavra.
Na concepção deste aprendiz, política compreende todos os assuntos de interesse público. Pensando dessa forma, todas nossas decisões são decisões políticas. Afinal, sempre que agimos (ou não) há implicações na vida de terceiros. Até mesmo a decisão de denominar-se “apolítico” é uma decisão política. É inclusive bastante egoísta. Somos portanto, cotidiana e ininterruptamente, seres políticos. Desde que decidimos pela vida em sociedade.
Nada disso diminui, obviamente, o fracasso das instituições brasileiras. Mas o importante é pensar, de uma forma simples, nas prioridades de nossas decisões.

A atual postura individualista, que abandonou as idéias e luta pelo poder, saiu de Brasília para contaminar o país ou foi levada por nós?
Não se trata de uma cruzada pela ética, mas de uma sugestão. Será que avaliamos as conseqüências de nossas decisões? O que vem primeiro, entre nós pobres mortais, o interesse pessoal ou o público?

* Temos de pensar numa alternativa brasileira para este termo. Como podemos ter política partidária num país em que os partidos políticos são carentes de ideologia?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Trote de elite

Calouro é agredido por veteranos em trote em faculdade de SP
A notícia é da semana passada. O problema é mais antigo.

O rapaz agredido ingressaria no curso de publicidade da Uninove, aquela do Bernardinho. A escolha parece lógica, afinal dizem que essa faculdade é boa só na propaganda. De qualquer forma, para um operador de empilhadeira como Márcio Marques da Silva, é melhor pagar para estudar do que enfrentar a concorrência desleal de quem, com 18 ou 19 anos de idade, não precisa trabalhar.

O fato é que, após a primeira aula do ano, Márcio não quis participar do trote, pois precisava chegar no serviço a tempo. À força, não o deixaram ir embora. Talvez os agressores, veteranos universitários, não entendessem a sua realidade. Pode ser que na imaginação dos filhos da classe medíocre, um trabalho seja só um emprego. Um operador de empilhadeira seja um Zé Ninguém. A dor do pobre dói menos.

A sociedade é violenta. A violência vem de onde?
E dizem que o pobre é iletrado.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Sexta com seis links

Hoje é sexta-feira. Os leitores (todos os dois) já sabem. Dia de comentar as “notícias da semana” que não apareceram por aqui entre segunda e quinta.

Acredite se puder
Brasil deixa de ser devedor e passa a ser credor internacional
Dólar e desemprego em baixa! Reforma tributária no Congresso!! Pitta e Maluf condenados!!! Fim da dívida externa!!!!
Quem diria!? Só falta o estádio do Corinthians sair do papel...

Perde-ganha
Redução da carga após o fim da CPMF não foi repassada aos preços
Em dezembro, este aprendiz perguntou quem pagaria a conta. Lembra?

Recomendo
Colonistas e pitaqueiros, prestem atenção neste artigo. É assim que se opina. Pode-se não concordar com Washington Novaes, mas seu texto saiu do achismo e se fundamentou com dados e opiniões de especialistas relevantes.
Outro bom texto publicado nos jornalões de hoje é de Filipe Campante, na Folha de S. Paulo (link só para assinantes)

Rinha
Senadores do PMDB e PSDB trocam insultos e quase saem no tapa
O título da reportagem do estadão sobre o assunto foi 'Vossa Excelência é um vagabundo'. Adivinha só o motivo da briga. Isso mesmo: tapioca!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Piada pronta

Cristiano Ronaldo é vítima de 'raio laser' em jogo da Liga
Não. Raio laser não é o apelido de algum zagueiro especialmente rápido e violento. É um daqueles indicadores que se usa em apresentações e palestras. O Manchester formalizou uma reclamação na Uefa. E sim, a menos que o Estadão tenha cometido um erro terrível, a notícia é verdadeira.

Para você, a reclamação é:
a) Coisa de quem joga no Jardim Leonor
b) Besteira. Ele não precisava disso
c) Estranha. Cristiano deveria estar acostumado com luzes em sua direção
d) Justa. O raio era verde e Cristiano não pode se expor à kriptonita
e) Corretíssima. Raio laser nos lhos dos outros é refresco
f) Só engraçada mesmo

Não vou entrar no mérito da questão, mas se o torcedor conseguiu acertar o raio nos olhos de Cristiano Ronaldo, não deve ser punido. Tem é que ser contratado pelo serviço de inteligência da polícia francesa. Com tanta mira, é inegável que a pessoa tem talento para atirador de elite.

Democratas?

O SPTV de hoje trouxe notícia que não encontrei nos jornais. A prefeitura de São Paulo anunciou o fechamento de 4 bibliotecas por “falta de leitores”. Novamente, a filial brasileira do partido republicano nos EUA está de parabéns. Isso sim é competência administrativa. Os gráficos de “otimização” de recursos estarão lindos no próximo mês. Bom para quem paga pra estudar e consegue interpretá-los.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Veja só

Para garantir que não passarei o dia sem atualizações, deixo aqui a indicação para a série de artigos do Luis Nassif, sobre as fraudes arquitetadas por alguns "jornalistas" da revista mais "recomendada" do país.
O trabalho é excelente. Bem fundamentado, claro e completo. Fica fácil perceber como se deu o envolvimento de chefes e "colonistas" (veja o significado aqui) com "personalidades" como Daniel Dantas.

O folhetim pensou que não ninguém perceberia, ou que ficariam todos quietos.
Mas Nassif não é Naïf.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Dia cheio

Confesso que fiquei um pouco perdido e não escolhi um assunto para o texto de hoje. Aconteceram várias coisas interessantes e o tempo “livre” deste aprendiz está cada vez mais escasso. Não faltam assuntos, faltam minutos para refletir sobre eles. Por isso comento um pouquinho de vários, como já virou rotina.

Despedida
A renúncia de Fidel não é surpresa. Também não é perspectiva de mudança em um país que, por mais que não se diga, atingiu um dos melhores níveis de justiça social do continente. Por mais que não se diga, os avanços em saúde, educação e combate à miséria foram construídos por um regime que tem apoio da população. Por mais que não se diga, qualquer movimento oposicionista com o mínimo apoio popular teria sucesso na ilha. Por mais que não se diga, Cuba está geograficamente ao lado do império. Politicamente, está tão longe que parece outro mundo.

Volto ao líder da revolução. É o ícone de uma geração que lutou pela liberdade. O povo cubano perde um comandante e certamente ficará abalado. Apesar disso, nas eleições deste ano os cubanos renovarão a decisão feita em 59: construir um Estado que preza pela justiça social. Cuba sem Fidel. O regime continua. O embargo também.

Farinha de mandioca
O Conversa Afiada trouxe novidades sobre a tapioca paulista. Os colegas mais "recomendados" não publicaram sequer uma linha sobre o assunto. Lembro que o gasto paulista é maior que o brasiliense. Acompanharei ambos. Em breve, conto aqui o final das histórias. Só não acompanho CPI. O blog é pobre, mas é limpinho.

Frente Parlamentar defenderá quilombos
Transcrevo a reportagem do Estadão:
Será constituída em março, no Congresso, a Frente Parlamentar em Defesa dos Quilombos. Seu organizador, o deputado Vicentinho (PT-SP), conseguiu a adesão de 219 parlamentares para a proposta - 49 a mais do que as 170 exigidas pela lei. O primeiro objetivo do grupo será estimular a consolidação dos milhares de quilombos que reivindicam terra por todo o País. Na outra ponta desse movimento, parlamentares do DEM aguardam o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal da ação direta de inconstitucionalidade com a qual pretendem anular o decreto presidencial que regulamentou os quilombos.

Destaque para a filial brasileira do partido republicano nos EUA. Belo trabalho, reaças. Ops, democratas. A intenção era exaltar a história de violência e preconceito do nosso país, certo?

MST coloca Justiça de joelhos, diz fazendeiro
Isso mesmo. A Justiça no Brasil privilegia o pobre. É só lembrar do massacre de Eldorado dos Carajás.

OAB quer apurar sumiço de documentos
Ufa. Há tempos a OAB não aparece por cumprir sua função. Ou só eu acho que o órgão anda “palpiteiro” demais?

Cristovam defende gestão do reitor da UnB no Senado
Bola fora do senador que ganhou simpatia de muita gente na campanha de 2006.

Pitta é condenado a 4 anos de detenção
Esta notícia está aqui mais como um destaque mesmo. Quem diria, não?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

No grito

Não gosto de fazer comparações com o futebol. Fica sempre aquele ar de que existem somente dois lados: o bom e o mau. O certo e o errado. Na “política” de Brasília, por exemplo, não é assim. As coisas são mais complexas e os jogadores não se dividem em apenas dois times.

Você leu o parágrafo anterior e agora vai perceber minha incoerência. Uma das polêmicas que envolvem a criação da CPI da Tapioca Mista me lembra o ludopédio. Nós, homens, passamos horas no embate “foi falta ou não foi” e nunca chegamos a conclusões. Primeiro porque é divertido debater o assunto. Depois porque aplicar a regra do jogo depende de interpretação. É aí que ficamos confusos. Apesar do longo debate, o conceito de “falta” não é definitivo. Depende de quem vê.

Já explico o que isso tem a ver com a “política” brasiliense. O ex-presidente FHC disse que a CPI da Tapioca Mista não deve investigar os gastos de seu governo, pois fugirá do “fato determinado”. Meus botões perguntam: mas afinal, o que é fato determinado? Se investigar desde 98 não é, porque a partir 2002 seria?

O conceito não é definitivo. Precisa de interpretação. A diferença para o futebol profissional é que no campo há alguém responsável pela decisão. Apitou é falta. Em Brasília é como o rachão de domingo. O juiz não apitou, mas os jogadores querem decidir se foi falta ou não. No grito.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Inquérito

Leio hoje no Estadão que a CGU (Controladoria Geral da União) investigou os gastos no cartão corporativo do ministro da Pesca, Altemir Gregolin, mas não encontrou irregularidades. Muito barulho por nada, pelo menos neste caso.
Agora, me restou uma dúvida. Se o jornal mais demolidor do país mostrou que há órgãos competentes e adequados para investigar o caso, para que serve a CPI da tapioca mista?

- Entreter a única classe social que acredita em papai noel, veja, CPI e Rodrigo Maia
- Desgastar a imagem do eterno metalúrgico nessa classe
- Desmoralizar os competentes colegas de Rodrigo Maia (ainda mais?)
- Criar pautas para sites de humor
- Ensinar nomes de ministros “hipoativos” como Altemir Gregolin, Matilde Ribeiro e Orlando Silva
- Esquecer a “tapioca paulista
- Aumentar a audiência da TV Senado



PS: O leitor deve agradecer aos céus pela falta de tempo que impede este aprendiz de escrever algumas linhas a mais.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Secos e molhados

Alguns dias atrás perguntei a quem interessa a falta de regulamentação na propaganda e venda de bebidas alcoólicas no Brasil.
Hoje o Estadão dedicou uma página inteira a reportagens que, de certa forma, ajudam a encontrar a resposta:

Camelô dribla lei e vende cachaça na Dutra
Ambulantes também oferecem cerveja; comerciantes legais têm prejuízo de até R$ 20 mil

Cercada por BRs, Brasília vira 'ilha seca'
Até shopping center é afetado pela MP que impede venda de bebidas alcoólicas; mais de 300 comerciantes locais já recorreram à Justiça

PRF: fiscalização até em padarias

Gerente vira garçom para manter emprego
No Rio, salário cai a menos da metade em restaurante de estrada que servia vinho

Quem ganha e quem perde?
A medida está em vigor desde 1º de fevereiro de 2008. Houve redução no número de mortes nas estradas no carnaval deste ano. A relação causa-conseqüência ainda não foi comprovada cientificamente, mas é bastante provável. É óbvia, se considerarmos a alta incidência de acidentes relacionados ao consumo de álcool.
De qualquer forma, a economia em saúde pública (e em vidas!) compensa os eventuais prejuízos de alguns restaurantes. O problema é que a MP sinaliza uma mudança de postura política. Desagradável para quem está acostumado a ditar as regras.
Seria interessante ver as empresas que defendem a venda e a propaganda do álcool arcar com os custos médicos gerados pelo uso de seu produto. Lembram de O informante?

Aliás, as reportagens do estadão me lembraram outro filme: Obrigado por fumar.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Virtuoso

Neste momento, a maior taxa de nerds por metro quadrado do mundo está em São Paulo, mais precisamente na Bienal. Lá, 2700 pessoas estão acampadas desde segunda. Eles participam da feira de tecnologia Campus Party. Algumas novidades espantam. A conexão de 5Gb também. Não acompanhei as palestras, mas me parece que muito se discute sobre uma concepção da internet como rede de pessoas, não de computadores. O conceito parece adequado, até por que a “inclusão digital” precisa avançar.
O encontro me fez lembrar de um singelo poema, escrito há mais de um ano.

Mutismo virtual

Essa história é de um menino
Do tipo quieto, tipo tímido
Não tinha sorte com garotas
E ele sempre está sozinho

E um cientista bem maluco
Inventou uma criação
Que dá brinquedo pras crianças
Não dá trabalho pro patrão

E o rapaz lá do começo
Se alegrou com a invenção
“vou ter um relacionamento
De longe sim. Problema não

Esse tal de ce pe ú
É realmente uma beleza
Bill Gueites fez o méssiene
E eu escondi minha gagueira”

Mas o coitado, tão fraquinho
Viciou na brincadeira.
Dia e noite, noite e dia
Não saia da cadeira

E um dia a paquera
Pediu pra telefonar
Mas de tanto escrever
Ele não sabia mais falar!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Breves

Hoje o tempo está curto, por isso publico somente alguns rápidos comentários sobre os que considerei assuntos do dia.

Polícia acha bebida em carro de amigas mortas em acidente
Não foi provado que a motorista estava bêbada. De qualquer forma, segundo pesquisa realizada em SP, 42,7% das mortes no trânsito estão relacionadas com o álcool. É questão de saúde pública e precisa ser enfrentada como tal. A propaganda de bebidas alcoólicas tem de ser controlada, e isso não é atentado à liberdade. A atual libertinagem, por outro lado, é um atentado à saúde pública. A quem interessa a situação?

Assembléia de SP: Líder petista coleta assinaturas para instalação de CPI
O gasto com cartões corporativos (o nome é esse mesmo) no estado foi maior que na União. Mesmo assim, a notícia sobre a CPI paulista teve 6 linhas. Já a CPI da Tapioca Mista de Brasília...

Do Estadão: Sarkozy despenca 10 pontos em nova pesquisa
Da Folha: Socialistas lideram disputa por prefeituras
Ligou?

OAB quer modificar legislação
Quem ler só o título pensa: “oba, podemos fechar o congresso!”

Militares devem defender país ante "espionagem" dos EUA, diz Morales
A declaração do presidente boliviano: “Vocês, como integrantes das Forças Armadas, têm a obrigação de fazer respeitar a soberania do nosso povo [...] Não é porque somos um país pobre que algumas pessoas de algumas embaixadas podem nos mandar espiões”. Na livre tradução deste aprendiz: “Respeitem sua pátria. Isto aqui não é Brasil”.

França: controladores de tráfego aéreo entram em greve
Isso mesmo: causaéreo! Será que os jornalistas de lá tentarão derrubar o presidente?

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O gigante

Não lembro quando nem onde foi a primeira vez que ouvi a frase “O Brasil é um gigante adormecido”. Sei que essas palavras aparecem com freqüência na castigada memória deste aprendiz. O pior (faço isso sem a pretensão de uma análise profissional) é que se olharmos para nossa curta história, a afirmação faz sentido. Palmares, Canudos, Inconfidência, Coluna Prestes*. Quem tentou mudar a ordem das coisas fracassou. O samba simplifica: deixa a vida me levar... Dá samba e, na metrópole, daria até publicidade. Brasil: 508 anos servindo você.

Tradição é tradição. Poderíamos Mudar De Brasil, mas somos conservadores. Desde 1966, em Brasília, convivemos com um gigante adormecido (ou entorpecido). Sua capacidade é grande, sua ambição também. Por outro lado, sua disposição é pequena e sua motivação é mesquinha. Às vezes ele se levanta e faz algum barulho. Os vizinhos apressam em agradá-lo e tudo volta à tranqüilidade.

Se o gigante fosse um partido político, poderia fazer muito pelo Brasil. Não é e não faz.


* O “fracasso” da Coluna é contestável

Tapioca

Em Brasília, inventaram a CPI da Tapioca Mista. É de presunto e queijo.
Aposto cinco centavos (no cartão corporativo) que vai acabar em pizza. Até porque o “escândalo” é tão desimportante quanto o último, que envolveu aquele senador... é... qual o nome mesmo?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Mudança?

A coluna de Carlos Heitor Cony na Folha de ontem traduziu com a genialidade habitual o que este aprendiz havia comentado com alguns colegas, sobre a cobertura das eleições estadunidenses. O texto de hoje trataria do tema, mas achei melhor poupar os dois leitores do castigo que seria ler minhas palavras. É mais adequado, simples e agradável transcrever o acadêmico:

Tempo de palpites

RIO DE JANEIRO - Sempre achei ridícula a tendência da mídia de futebolizar todos assuntos, transformando-os numa espécie de luta entre bons e maus, de vermelhos contra azuis, de Fla x Flu com infinitas variações. Da eleição de um papa ao melhor estandarte de uma escola de samba, os entendidos são pródigos em análises e prognósticos, havendo mesmo uma certa emulação para sagrar quem acerta o placar, uma loteria esportiva que, na maioria dos casos, não tem vencedor.
É bem verdade que somos condenados a nos interessar pelas eleições presidenciais nos Estados Unidos. Formadores e informadores de opinião torcem desbragadamente por um e por outro candidato, como se a vitória de um deles representasse uma futura idade de ouro para a humanidade.
Lembro a estupefação causada por Luís Carlos Prestes quando da primeira eleição após a ditadura do Estado Novo. Na luta entre o bem e o mal, representada pelas candidaturas do marechal Dutra (PSD) e do brigadeiro Eduardo Gomes (UDN), o líder comunista declarou que não via nenhuma diferença entre os dois.
Como? Dutra fora o condestável da ditadura, o brigadeiro representava a oposição ao totalitarismo. Como podiam ser a mesma coisa? Dutra era feio e casado, o brigadeiro era bonito e solteiro. Valia tudo para descobrir diferenças entre os dois. Mas Prestes tinha razão.
O mesmo se pode dizer dos atuais candidatos à Casa Branca. Republicanos e democratas podem ter vantagens e desvantagens no tabuleiro da política interna -que, aliás, diz respeito somente aos norte-americanos. No plano internacional, as diferenças são mínimas. E há os paradoxos: o endeusado democrata Kennedy patrocinou a invasão de Cuba, e o maldito republicano Nixon abriu o diálogo então possível com a China e a antiga URSS.

Maquiagem

Sobre o texto de ontem: Não desisti do jornalismo, desisti dos jornalistas e de alguns jornais.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Quem não chora...

O suposto mau uso dos cartões corporativos reforça a necessidade de vigilância pública da “classe política”. Só isso. Não é um escândalo e é bem menos importante do se fez parecer. Merece somente algumas linhas, repetidas e inevitáveis. A incompetência dos partidos de oposição surpreende. Incapazes de propor alternativas para o país, tucanos e demos se limitam a fazer birra e ofender os adversários. Coisa de criança mimada. Mas a gritaria é grande.

O choro saiu de Brasília e chegou à mesa deste aprendiz. Pausa para buscar algodão, que meu ouvido não é penico. O barulho é de tempestade, mas o céu continua limpo. Não é difícil entender como. Entre os desesperados, há um outro “partido político”. A atuação dele é diferente, estratégica. Esse partido faz qualquer problema parecer maior. E faz isso muito bem. Se estiver distraído, você até acredita nele. A gente olha e se lembra: invente suas próprias mentiras.

O governo embarcou na farsa e tentará aproveitá-la para desmoralizar (ainda mais) a oposição. O difícil será convencer a única classe que acredita em Papai Noel, Veja, Criança Esperança e CPI.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Feriado?

Acredito que o próximo post será somente após a festa da carne.
Que 2008 comece bem para os leitores (todos os dois).

Rápidas

Gostei do que foi feito há duas semanas. Farei breves comentários sobre alguns dos principais acontecimentos políticos da semana que não estiveram nas outras postagens.

UE recusa lista de 2,6 mil fazendas e suspende compra de carne do Brasil
Este é o caso típico de reportagem em que há somente dois lados. O Estadão escolheu o seu. Alguém adivinha porque o jornal defende a restrição do número de exportadores?

Terça-feira no Estado: Investimento estrangeiro aumenta, apesar da crise
Terça-feira na Folha: Remessa de lucros atinge recorde e chega a US$ 21 bi
Relacionou?

Pacote limita a farra com cartões do governo
Mais uma vez fica claro como regras frouxas, baseadas na benevolência humana, são inócuas para a “classe política”. Outra: antes do episódio dos cartões corporativos, poucos sabiam quem é Matilde Ribeiro. E agora?


Dirigir após beber vai virar crime em nova lei
Muitos amigos ficaram preocupados. Falei para manterem a calma. Se a lei for aprovada, é só ir para Brasília.

45 oficiais da PM entregam cargos no Rio
O que alguns classificaram de “motim” aconteceu após um ato cívico por aumento de salários que culminou com a demissão do comandante da PM carioca, Ubiratan Ângelo.
Façamos um exercício de reflexão. Você trabalha na profissão mais estressante e perigosa do mundo. Diariamente, você e seus colegas recebem cobranças pela qualidade do serviço, que é essencial para a sociedade. No fim do mês, vocês recebem um salário de ajudante de serviços gerais. Vocês se organizam, vão até o chefe e pedem aumento, pois querem adequar salário e função. Ele não ouve e demite os funcionários mais antigos, que lideravam o grupo.
Tudo muito justo, ao menos para Sérgio Cabral e José Mariano Beltrame, que tiveram a coragem (ou falta de caráter) para chamar a reivindicação de motim.