Aprende-se desde sempre, desde criança. Jogue mal ou jogue bem, o dono da bola tem lugar garantido no time. É daquelas regras que não mudam com o tempo, como um princípio da física ou a Lei de Murphy. Lembro que na minha época de aspirante a jogador, garantíamos que aquele menino mimado e ruim de bola ficasse sempre do nosso lado. Ele podia até ser o atacante, se quisesse. Fazíamos o possível para garantir que a partida não fosse interrompida por de seus um acessos de raiva.
De certa forma, a tática funcionava. O time ficava desfalcado, todos corriam um pouco mais e o jogo seguia normalmente, durante toda a tarde. Após duas ou três horas de peleja, o dono da bola dizia que iria embora, pois estava cansado e a mãe o esperava para o café da tarde. Mas a bajulação era tanta que ele até emprestava a bola para que terminássemos as emocionantes partidas. No outro dia, a história se repetia. Alguém tinha que escolher o dono da bola para o seu time, nem que um jogador melhor ficasse de fora.
Às vezes, (mal) acostumado com o tratamento que dispensávamos, o dono da bola fazia questão que seus amigos, pouco dotados de coordenação motora, jogassem toda a partida. Sem muitas opções, aceitávamos a determinação. Quando isso acontecia, perdíamos a maioria dos jogos. Resignados, dizíamos que é melhor perder do que não jogar. E assim foi por alguns anos, até que alguém disse: “chega, Precisamos Mudar De Bola!”. Juntamos as economias e compramos uma linda bola de capotão, propriedade coletiva da equipe. Depois desse dia, ele não mandou mais no nosso time.
Perdoem-me. Eu sei que poucos gostam, mas tive de escrever novamente sobre a política de Brasília.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
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