Minha leitura mais recente foi a coletânea “Repórteres”, organizada por Audálio Dantas. A obra, de 1998, tem participação de 11 mestres da reportagem. São eles, além do próprio Audálio: Caco Barcellos, Carlos Wagner, Domingos Meirelles, Joel Silveira, José Hamilton Ribeiro, Lúcio Flávio Pinto, Luiz Fernando Mercadante, Marcos Faerman, Mauro Santayana e Ricardo Kotscho.
Inspirador, alimenta a paixão pelo jornalismo. O humilde “quase-nada” recomenda a leitura. Aliás, se pudesse, obrigava. Após o último capítulo, lembrei de um artigo, escrito para uma das aulas teóricas da faculdade:
Que jornalista eu quero ser?
E eu quero ser jornalista?
Comecemos pelo início. A escolha não me parecia óbvia e eu não achava importante informar as pessoas. Pelo menos não da forma como eu via os futuros colegas fazer. Queria mesmo aprender a escrever, melhorar o texto, dominar a linguagem. Se possível, treinar tudo isso numa profissão que trabalha basicamente com o texto. Agora a escolha parecia mais clara: deveria cursar Letras. Escolhi Jornalismo. Ou, para os que superestimam a profissão, fui escolhido por ele.
O tempo passou e o meu preconceito diminui, ao mesmo tempo em que percebia a real função do jornalista: informar. Simples assim. Hoje acredito que nem todo jornalista é “manipulador” ou “vendido”. A maioria, olhando com um pé dentro e outro fora do mercado, parece esforçada e sem possibilidades de melhorar seu trabalho. De qualquer forma, percebi que, nos debates importantes da sociedade, o jornalismo, em todos os meios, é um grande palco de discussões. Nós somos os assistentes de palco. Além de cuidar do cenário e do figurino, explicamos aos protagonistas o contexto da história, o perfil dos personagens e os detalhes do roteiro.
É nisso que falham muitos colegas. Confundem “criar condições para o debate” com “protagonizá-lo”. Não temos formação para isto e não representamos a opinião pública. Nosso trabalho é informar. Podemos opinar e participar do debate, é claro, mas sem a suposição de que se encontrou a verdade absoluta. A opinião das pessoas fica por conta delas.
Agora, de volta à pergunta, quero somente fazer um trabalho sincero. Participar da escolha d informações e fazer com que elas cheguem ao público da forma mais adequada possível. A área de atuação pode ou não ser o “jornalismo literário”, como quis anos atrás. Acima disso está o compromisso com a informação. Simples assim.
Hoje reli o texto. Vieram algumas palavras que talvez possam definir o profissional que quero ser: desconfiança, humildade, esforço, paixão.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
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