segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Cadê a notícia?

A principal notícia do dia nos cadernos internacionais veio da Bolívia e trata das mortes decorrentes de confrontos entre policiais e manifestantes contrários à aprovação de uma nova Constituição para o país. Após acompanhar a cobertura da Folha e do Estadão, o leitor consegue - de forma precária, é verdade – compreender o que vem acontecendo desde sexta-feira na cidade de Sucre, uma das capitais do país sul-americano.

O “texto geral”, que ainda será discutido em detalhes, foi aprovado sem presença da oposição, num prédio militar. Por isso, os descontentes saíram às ruas, reivindicando que a sessão fosse anulada. Está bem fácil. A notícia? Quatro pessoas foram mortas. Como e por quê? Um policial linchado, um manifestante baleado e duas mortes sem detalhes, na “onda de violência” decorrente de uma votação controversa.

Mas, para quem lê, ainda falta sentido à notícia. Ninguém falou sobre a real motivação dos protestos: as mudanças que a nova constituição trará, se aprovada, para os bolivianos, e principalmente, para os brasileiros. Dos que acompanhei, o único veículo brasileiro que tocou no assunto foi a Agência Carta Maior. Para mim, também foi quem fez a melhor cobertura.

É bom lembrar que a notícia nossa de cada dia só faz sentido dentro de seu contexto. Ler uma página inteira de jornal para saber somente que quatro pessoas morreram na Bolívia soa como ofensa num país que se acostumou, na TV e nos jornais, a ver jovens mortos.

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